Guerra de mãos atadas,
já só as palavras são armas
que furam como chumbo, de sua intenção
Onde por dois vértices, provoca em mim degradação,
nesse tiro de toda a velocidade, confuso,
começa-se a terceira guerra do mundo
Sombra
Caminhas escondido,
De pouco em pouco
Tal e qual o bandido no roteiro louco,
De quem ainda procura, na sua loucura um pouco de ser.
Caminhas mas vais no escuro
E eu olhando pelo fundo,
Já nem sei a quem procuro.
Sinal
Mais uma manhã
Agarrada a um sinal de ti
Um sinal que nunca pedi
Mas agora não te tenho
E não posso dizer que te esqueci
Por entre estes mares de sedução
Que tento passar.
Procuras tu noutros lagos
Enquanto nado no teu mar.
Cabeça de ar
Amar
Tenho sempre medo de partir…
Porque é que haveria de ir?
Nunca saberei se só sei amar isto.
Sinto-me culpada por não amar mais,
Será que só consigo isto?
Talvez não me seja possível dar mais.
Ser mais do que preocupação e cuidado.
Se soubessem o que faço por saber amar…
Amar faz de mim dúvidas.
Vastas são possibilidades, mas se é isto,
Estou eu na flor da idade com uma só ideia do que é amar.
Quem?
Eu não sei o que é de mim. Fiquei sem o meu plano de viagem, só me resta estar em constante movimento e movimento-me para todo o lado, sem nunca me deitar sobre as minhas opções. Opções essas que me pergunto se estou a contentar-me com pouco ou se estou por aqui numa deambulação pela minha imaginação.
Todos os dias num diálogo sem fim, do que é que poderia ter dito, o que poderia vir a dizer, se não fosse eu a viver a minha vida. Quem era eu se não fosse eu? Às vezes não me identifico comigo, não faço o meu género e pergunto-me se, mais uma vez, se não fosse eu quem era eu?
De Longe
Vejo todos os dias a mesma gata preta. A minha mãe diz que é parecida comigo: meiga mas fugidia. Eu nunca tinha pensado nisso, sempre achei que não gostava de gatos, pelo menos até ter visto melhor a gata preta que vive debaixo da minha varanda.
Hoje fui à rua, queria fazer-lhe festas. Vi-a da minha janela, deitada entre arbustos com ar de quem não quer ser incomodada, mas quando saí fugiu outra vez para debaixo da varanda. Talvez hoje não fosse o dia para ela ser meiga, talvez haja dias em que queira só ser observada de longe a espreguiçar-se no parapeito da minha janela.
Mas como diz a minha mãe, às vezes somos iguais, à vezes só podemos ser observadas de longe, meigas mas fugidias.
Se calhar a gata já é minha ou eu já sou dela.
Agitação
Não exijo mais do que isto
Mas apenas a felicidade em que por
Vezes existo
Que tudo disto dure
E que pouco me sature.
Fico na vontade de ver o último raio de sol
De sentir a agitação do mar
E o seu sabor.
De ficar dias de sorriso de orelha a orelha
Quando algo que é tão novo se tornar uma história velha.
Que a vela fique acesa
Para que se mantenham as linhas de subtileza
Em que a dor passa com leveza.
Quem diria que hoje os meus olhos se arregalam.
Ao ouvir uma canção
Que já tocou vezes sem conta
E que agora indicam o que para tudo aponta.